terça-feira, 19 de janeiro de 2016

sobre os jardins...

Terra para o pé firmeza, terra para a mão carícia”

“Quando olhamos para o mundo à nossa volta, descobrimos que não estamos jogados no caos e na aleatoriedade, mas somos parte de uma grande ordem, uma grande sinfonia da vida. [...] Na verdade, nós pertencemos ao universo, e essa experiência de pertencer pode tornar a nossa vida profundamente significativa” (A Visão sistêmica da vida – Fritjog Capra e Pier Luigi Luisi)

Tudo começou quando percebi que o jardim da minha infância tinha virado um jardim de pedras... seco, sem vida! Antes ele costumava ser um lugar úmido (e cheio de humus, que tem a ver com humano, tem a ver com terra fértil), era aconchegante... cheio de plantas, samambaias, flores... lesmas, lagartixas, tatu-bolas e até mesmo borboletas, duendes e fadas. Era um jardim pequeno dentro de casa. Mas o fato de ser pequeno em nada me impedia de viver nele grandes aventuras!
Um dia, porém, eu cresci, mudei de casa e quando voltei ao jardim 12 anos depois tudo estava diferente. A terra seca, compactada, sem graça... Meus pais decidiram então cobrir a terra com pedras brancas e as paredes ganharam uma cor cinza. Parece que agora tudo era mais cinza mesmo... As cores intensas e o pôr do sol incrível daquela casa eram coisas que só eu parecia lembrar! E reavivar aquele jardim e todos os outros era agora meu mais novo sonho e minha mais nova grande aventura...
Não sei e ninguém sabe quanto tempo pode demorar para realizar as aventuras que a gente sonha. Mas a força do sonho já é coisa muito importante para ser enterrada, ainda mais em uma terra seca e dura.
Então quando um sonho morre a gente não enterra, a gente aproveita a força dele para fazer nascer uma nova semente... a gente remexe o solo em volta, coloca mais folhas secas, mais adubo e água... e aos poucos ela (a terra, a Terra) volta a ser um lugar habitável, ás vezes até aconchegante. Não é fácil... cultivar um jardim é cultivar a força do sonho... é cultivar a vida, o amor próprio e o sentimento de pertencimento!

segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

Um quadro
No quarto em cima da cabeceira
O homem engravatado e A mulher nua
Ele é só trabalho
Ela é só poesia
Ela de alma toda, se despe, se mostra nua
Devia assim estar inteira
Mas no fim fica vazia...
Ele de terno, trabalha todo tempo, se mostra fortaleza
mas dentro em si, sem se mostrar, é só fraqueza...
Cadê a poesia dele?
Cadê o trabalho dela?
Se escondem
Se encontram
Na cama
Fazem um filho
Nova geração que é
metade trabalho
metade poesia
quer ver sentido em tudo, não quer hipocrisia
Quer dinheiro e tempo! 
Não quer vida vazia...
Como é difícil esse equilíbrio...
como é fácil se perder em uma só metade...
Desatar a vida
Desfazer os nós
costurar trabalho e poesia, dinheiro e sentido...
Aos poucos achamos as linhas, os caminhos
Construímos novo mundo possível...