segunda-feira, 21 de junho de 2010

REFORMA INTERNA

Desculpem-me o sumiço. Estive fora por um tempo.
Acontece que minha casa está em reforma, derrubaram as paredes, a água invadiu e eu não sabia o que fazer. Fiquei angustiada. Tudo virado de cabeça pra baixo.
Perdi meus sapatos, meus livros. Preferi assumir, ficar em silêncio e descalço.
Agora estou me recuperando. Aos poucos fui colocando ordem na bagunça.
Aos poucos fui me convencendo que isso acontece vez ou outra com todo mundo.
Aos poucos me dei conta de que o grande aprendizado não é saber manter tudo em ordem sempre, mas ter coragem suficiente para bagunçar, deixar bagunçar e recomeçar a organização.
A vida se mostra naquilo que está em movimento. Tentar manter a ordem estática das coisas é um suicídio vagaroso e eu resolvi viver. Com toda a vida que há em mim. Na verdade com quase toda. Porque querer viver a vida toda de uma vez também me parece uma forma de suicídio.
Por isso larguei tudo um tanto bagunçado. O segredo é a medida, sempre a medida. Nem ordem demais, nem desordem absoluta. O bom é a bagunça organizada, propositada, em que a gente sabe onde as coisas estão, mesmo que estejam empilhadas de qualquer jeito num canto do quarto.
O bom é estar vivo e não entender porque as coisas acontecem exatamente como acontecem, mas confiar que está tudo no lugar certo. Mesmo que, muitas vezes, pareça estar tudo de cabeça pra baixo.
O bom é não calcular todos os passos, mas ter algum foco e saber caminhar.