sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Ela se adapta
E sinto inveja
Porque acho que não sei me adaptar
Mas ela se adapta
De um jeito que admiro
Porque não se deixa ir
A sombra fica de vigia
E ela sabe o que quer
E sabe o que faz pra chegar lá...
Eu assisto
Acho que não sei me adaptar
Não sei bem o que quero
Só não quero me largar
Me deixar ir perdida
Por entre os caminhos conhecidos desse mundo
Quero fazer o meu próprio
Com as marcas dos meus pés...
E ser apenas... ser um eu sem etiquetas
Ser da maneira mais bonita possível
Ser eu e ser tudo
Mas sem deixar de ser inteira
De ser sincera
De ser humana
E que humano pode ser tudo sem deixar de ser humano?
Erro: não posso ser tudo e ser humana
Porque só posso ser humana quando não quero ser tudo

(12/04/2009)

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

O amor que eu sentia
Já não sabe sentir
Sinto muito
Sem sentir
Fica tudo sem sentido
Sem mais
Isso é o que pode ser dito
E o que sinto
Não sei mais

(25/10/2009)

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

a selva de pedras debaixo do céu

A selva de pedras escureceu de repente... só se vê pequenas luzinhas bem ao longe... e se ouve algumas vozes... De repente a cidade ficou diferente... e eu me senti humana...
Do outro lado da janela, lá depois do prédio do terraço apareceu um céu alaranjado, a gente achou que era a lua... ou a luz que vinha voltando... Aos poucos o céu foi ficando amarelo e a gente viu o fogo... escuridão e fogo...
Tentamos o telefone, a internet... nada funciona... apenas a paciência de observar o céu e ver o que acontece... apenas a angústia e a constatação de que somos humanos... e que assim sendo, somos impotentes... somos parte da natureza que tanto tentamos dominar...
O pai chega em casa cansado depois de subir as escadas...
E eu penso por que é que raios o ser humano foi escolher morar um em cima do outro...
A mãe diz que é assim mesmo, que essas coisas acontecem, mas que não é por isso que devemos deixar de construir prédios....
Eu até entendo... mas no fundo, bem lá no fundo mesmo, eu sinto que não deveria ser assim... na verdade, eu acho que não entendo...
Que loucura o abismo que cavamos entre a tecnologia e a impotência humana... que loucura viver entre computadores, máquinas, celulares, automóveis e pouco viver entre o céu e a terra... não aproveitar as chuvas, o sol,o silêncio, o barulho do vento, a lua e a escuridão... que loucura pensar tantas coisas e sentar em frente ao computador pra escrever enquanto um prédio, em algum lugar de são paulo, pega fogo e se consome... Quem será que mora ali? Seria melhor ficar olhando o incêndio? Ou transformar o que vejo e o que sinto em palavras ? mesmo assim não é possível... a linguagem não dá conta de tudo... eu não sei explicar... parece que tudo escureceu....es cure céu... cure o céu... que o céu se cure... e eu também...

( 10/11/2009)

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Roupa que tem boca?
Que fala de mim?
Como assim?

Estou descobrindo o valor do “não dito”,
Do silenciado, das coisas que não se pode entender...

Estou aprendendo a viver...

O valor do gesto sem palavra,
Da boca sem voz,

Que faz um som alto e ecoa por todo lado...
As cores que se usa e os olhares...
Os passos que se dá e as voltas, os giros com ou sem medo de cair...

Cada um tem seu valor...

E o sabor dessas coisas só se tem quando se experimenta...
Experiência de ser... sem fim...

Encaro o medo do inacabado...
Das entrelinhas, dos afetos não correspondidos...
Do tempo que escorre rápido... enfim...

domingo, 6 de setembro de 2009

Não sei se é mais produtivo sair ou ficar
A alma diz que é preciso ficar... escrever... criar...
Mas o corpo necessita roupa, alimento...
Pede pra eu ir ao trabalho

O corpo sente frio
Sente mais frio quando está triste
E sente pouca fome
Não deseja mais se alimentar com as tolices do mundo
Não deseja mais do que as simples palavras doces
Não deseja mais que um sol nascendo... E se pondo

Ponho a roupa
E saio
Vou à rua
Ver as outras pessoas
E procurar trabalho
Me sinto triste
E tenho frio

As pessoas correm e não me vêem
E eu as vejo correr
Como os pensamentos correm dentro da minha cabeça
Pra que cabeça nesse mundo?
Só precisava ter mãos e não pensar...
Quem pensa se perde
Ou se acha
E perde o sossego
Estás perdido
Sempre perdido
Eternamente perdido
Mas só sabendo-me perdido é que posso me encontrar...
Será?

Já não sei nada
E quando sei
Duvido
Se me encontro é por alguns segundos...
Em seguida já estou de novo a me procurar...
De novo e de novo...
Estou cansado...
Perdido e cansado...
E nem adianta querer ser poeta
Porque nesse mesmo momento milhões de poetas estão pelo mundo...
Pensando, sofrendo, cansados...
De que valem as palavras e os pensamentos
Se nada do que faço muda nada ao meu redor?
Queria acreditar no mundo
Queria acreditar em mim
Mas sou incerteza
Não sou IN
Quero ser certo
Sempre certo
E isso me mata
Porque sou OUT
Porque estou por fora
Do jogo do mundo
E da glória de se ter um posto
Imponho o meu jeito
Não quero me submeter
Mas me submeto
De toda forma, me submetendo ao meu jeito de ser

Sou sonhadora, tenho sonhado mais do que o que posso ver
E mesmo que não há nada para além da linha do horizonte
Eu insisto em acreditar que há...
E a vida passa
E passam os amigos pra me levar pela vida
Pra me divertir e beber
E eu não sinto vontade
E me sinto culpada porque estou triste
E passa a morte por mim
E já não sei o que pesa mais
Não, eu não desejo morrer
Não agora... tenho ainda muito o que fazer aqui
Muito, muito... e é tanto pra se fazer que já não quero fazer mais nada...
Eu queria a vida inteira, completa, cheia
Me deram uma vida vazia
Sem sentido, sem brilho
Me deram uma vida por fazer
Que só se faz quando me movo
E eu não sei pra onde ir
Porque não posso ser tudo
E estou cansada de ter que escolher...
O que me faz sentido não dá dinheiro
E o que dá dinheiro não me faz sentido

Quero procurar sentido
E me dizem que preciso procurar dinheiro
Como pode ser isto?
E como posso achar dinheiro se procuro sentido?
Sou contraditória e não o quero ser
Quero princípios, quero regras justas pra seguir
Quero respostas
E não as tenho
Só tenho perguntas e perguntas e perguntas
E não há ninguém pra me responder

(18/04/2009)

terça-feira, 28 de julho de 2009

viajando...

Fui pra Israel pra pensar... pra aprender mais sobre meus antepassados... pra me aproximar de uma cultura que faz parte da minha história de alguma maneira... mas também fui pra esquecer... queria afogar minhas mágoas no mar morto... queria que morresse a dor que dói dentro de mim...
Visitei a terra sagrada procurando respostas... porque dizem que lá Deus fala mais do que em outros lugares... Viajei quilômetros procurando respostas, me fazia perguntas procurando respostas... De repente esqueci de tudo, de todas as perguntas que eu tinha, de todas as respostas que eu procurava...
Senti o vento, vi a imensidão do mar e também a imensidão do deserto... descobri que o deserto, ás vezes, parece tão infinito quanto o mar...
Vi o sol nascer nas montanhas e morrer no mar... vi o dia morrer muitas vezes e nascer apenas algumas...
Ouvi o eco dos meus medos e aflições, escutei as preces que tanta gente fez durante os tempos...
Conheci pessoas, dei risadas, ouvi piadas, ouvi histórias, contei de mim e fiquei em silêncio...
Senti o sol quente e o corpo cansado, dancei e me perdi...
Me permiti conversar com estranhos e falar coisas sem pensar demais...
Flutuei no mar morto e descobri que ás vezes o melhor mesmo é boiar pela superfície...
Vi jovens armados... vi medo e desejo... certeza e dúvida estampados no rosto de cada um... eu me perguntei sobre as diferenças e sobre as tradições... me perguntei sobre as traições... e sobre a confiança... me perguntei sobre a vida e sobre a morte... sobre a preservação da espécie... sobre a preservação de uma cultura... e sobre o preconceito...
Afinal, não somos todos humanos? Quais são as fronteiras? E pra que servem?
Respiro... sei que não há resposta... mas meu desejo é grande... não paro de procurar... quero entender... porque é tão difícil viver em paz...
então escrevo...


Somos todos drogados
Uns de ópio, outros de álcool
Uns de música, outros de trabalho
Uns de tristeza, outros de diversão
Somos todos drogados
Pra esquecer das incertezas
Das verdades que não se pode alcançar

Nos pegamos aos pequenos detalhes
De determinado campo da vida
Pra não olhar pro todo
Pra não ver que a falta de sentido
É o que salta aos olhos
Pra não ver que se todos parassem de se drogar
Talvez alguma coisa poderia ser feita

Pela nossa educação deseducada
Pelas crianças que morrem de fome
Pelas matas que acabam queimadas
Pelas injustiças cometidas
Pela vida...
Vazia...
Do planeta que o homem ainda não aprendeu a habitar

domingo, 31 de maio de 2009

O ditado diz – o que os olhos não vêem, o coração não sente -
Mas meus olhos são grandes e, ás vezes, enxergo mais do que eu gostaria
E meu coração quase não cabe no peito... dói..
Sem saber o que fazer eu escrevo
Porque é o único jeito de denunciar o que vejo
E me questiono...
Pra que denunciar quando parece que todo mundo já sabe?
Pra que gritar aqui a toa?
Pra que?
Tanta gente já falou, berrou, mostrou... de tantos jeitos... e tanta gente vê que as coisas são assim e não ficam por aí gritando e querendo criticar e denunciar...
Sei que eu devia estar vivendo... mas o que é viver?
Meu peito dói...
E o mundo parece de cabeça pra baixo
Parece sem cabeça
Parece que vestiu uma cabeça de papel
Que não tem olhos e não vê
E não tem coração
E não sente

(15/04/2009)
CABEÇA DE PAPEL

O mundo tá cabeça de papel
E agora o que será que vão dizer ?
Hoje eu to feliz, mas me ensina a viver
Porque eu não sei...
Eu só quero assistir, mas não participar
Não tem nem o que dizer
As pessoas pararam de lutar
Será que eu estou errada ?
E é tudo uma ilusão ?
O mundo ta cabeça de papel
E a gente tá aqui, fazendo um papelão
Eu nem sei o que dizer
Por favor, me ensina a viver...
Porque eu não sei....

“Eu tenho pressa e tanta coisa me interessa... E o tempo não pára não...”

sexta-feira, 24 de abril de 2009

20/11/2008

Não sei bem o que sinto... tristeza com misto de liberdade... medo... do desconhecido... e curiosidade... Minhas portas estão entreabertas... Vivo no meio fio. Sou aranha que tece a vida aos poucos... que não se arrisca a atravessar totalmente a porta e nem tem coragem de fecha-la completamente.
Não sei parar de olhar para o lado de fora da porta, insisto em descobrir o mistério... insisto em saber o que há por trás da porta, no entanto tenho medo de atravessa-la completamente e me perder... tenho medo de não achar o caminho de volta ou de perder de vista os mistérios e a beleza que ficam deste lado da porta...
E o que se pode fazer? Será possível transitar? Será possível viver no meio fio e tecer a vida aos poucos, como quem não tem pressa, como se diante da gente estivesse a eternidade?
Só que de vez em quando vem a pressa... porque sei que a vida é curta...e há tanto pra se viver e o tempo parece pouco... parece louco... pareço louca que não sabe o que diz...

terça-feira, 21 de abril de 2009

Lá fora a chuva cai
E eu não tenho tempo de olhar pra ela
Não tenho tempo de sentir a água
Tenho medo de ficar doente
Não me dou tempo de sentir a vida
Tenho medo de ficar doente...
E que vida? Se desde que nascemos já
Começamos a morrer? Será?
Eu não sei nada, mas vejo a água caindo,
A água da chuva e a água dos rios...
Poluição, petróleo, destruição...
E nem sei o que sinto, não sei mais
No que eu acredito... Cidade poluída,
Eu poluída... Poluída de preconceitos,
De opiniões, de sonhos, de desejos,
De frustrações... E a vida?
Segue sem entendimento,
Sem tempo de ser vida
Mas ainda não é hora de mudar de vida,
É hora de mudar o ponto de vista...
No que você acredita?

DaniGomkle-07/11/2004

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Há dias em que escrever me parece inútil
Aliás, em muitos dias – na maioria deles, na verdade, - sinto que escrever é inútil
Porque parece que tudo o que digo já foi dito
Tudo que penso já foi um dia pensado
Mas, no entanto, escrevo.
Escrevo porque não sei mais o que fazer...
Escrevo porque não posso sozinha acabar com a fome do mundo...
Escrevo porque não posso sozinha acabar com a corrupção...
Escrevo porque não posso sozinha limpar toda a água que já foi poluída...
E porque não posso sozinha plantar todas as árvores que já foram queimadas...
Escrevo...
Escrevo porque sinto que tudo que faço é ainda muito pouco...
Escrevo porque não caibo em mim...
Escrevo porque não posso ser tudo...
Escrevo porque preciso aprender a escolher e isso me dói...
Escrevo porque só posso ser uma parte de tudo aquilo que eu poderia ter sido...
Escrevo porque não sei o que fazer com isso que me atormenta...
Escrevo porque me alivia...
Escrevo porque a morte veio me visitar e já não sou mais a mesma...
Escrevo porque não quero ser sempre a mesma...
Escrevo porque quero sim ser sempre a mesma...
Escrevo porque tenho saudade de quando eu era criança e pensava que ia entender o mundo quando eu crescesse...
Escrevo porque ainda não entendo...
Escrevo porque queria que alguém me explicasse como as coisas funcionam...
Escrevo porque hoje sei que ninguém poderá me explicar...
Escrevo porque sei que ninguém entende muito e mesmo assim finge que entende... e eu não compreendo como pode ser isto...
Escrevo porque escrevo...
Porque algum dia alguém me disse que eu escrevia bem...
Porque algum dia alguém me elogiou e eu pensei que escrever era bom...
Escrevo porque acho que não sei fazer muito mais...
Se eu fosse atriz – boa atriz – eu viveria
Mas sou espectadora, sou platéia, tenho olhos grandes
E não sei representar...
Então eu escrevo.

(12/04/2009)

quinta-feira, 9 de abril de 2009

"Acontece que eu achava que nada mais tinha jeito. Então vi um anúncio de água de colônia da Coty chamada Imprevisto. O perfume é barato mas serviu para me lembrar que o inesperado bom também acontece. E sempre que estou desanimada, ponho em mim o Imprevisto."
(Clarice Lispector)