domingo, 6 de setembro de 2009

Não sei se é mais produtivo sair ou ficar
A alma diz que é preciso ficar... escrever... criar...
Mas o corpo necessita roupa, alimento...
Pede pra eu ir ao trabalho

O corpo sente frio
Sente mais frio quando está triste
E sente pouca fome
Não deseja mais se alimentar com as tolices do mundo
Não deseja mais do que as simples palavras doces
Não deseja mais que um sol nascendo... E se pondo

Ponho a roupa
E saio
Vou à rua
Ver as outras pessoas
E procurar trabalho
Me sinto triste
E tenho frio

As pessoas correm e não me vêem
E eu as vejo correr
Como os pensamentos correm dentro da minha cabeça
Pra que cabeça nesse mundo?
Só precisava ter mãos e não pensar...
Quem pensa se perde
Ou se acha
E perde o sossego
Estás perdido
Sempre perdido
Eternamente perdido
Mas só sabendo-me perdido é que posso me encontrar...
Será?

Já não sei nada
E quando sei
Duvido
Se me encontro é por alguns segundos...
Em seguida já estou de novo a me procurar...
De novo e de novo...
Estou cansado...
Perdido e cansado...
E nem adianta querer ser poeta
Porque nesse mesmo momento milhões de poetas estão pelo mundo...
Pensando, sofrendo, cansados...
De que valem as palavras e os pensamentos
Se nada do que faço muda nada ao meu redor?
Queria acreditar no mundo
Queria acreditar em mim
Mas sou incerteza
Não sou IN
Quero ser certo
Sempre certo
E isso me mata
Porque sou OUT
Porque estou por fora
Do jogo do mundo
E da glória de se ter um posto
Imponho o meu jeito
Não quero me submeter
Mas me submeto
De toda forma, me submetendo ao meu jeito de ser

Sou sonhadora, tenho sonhado mais do que o que posso ver
E mesmo que não há nada para além da linha do horizonte
Eu insisto em acreditar que há...
E a vida passa
E passam os amigos pra me levar pela vida
Pra me divertir e beber
E eu não sinto vontade
E me sinto culpada porque estou triste
E passa a morte por mim
E já não sei o que pesa mais
Não, eu não desejo morrer
Não agora... tenho ainda muito o que fazer aqui
Muito, muito... e é tanto pra se fazer que já não quero fazer mais nada...
Eu queria a vida inteira, completa, cheia
Me deram uma vida vazia
Sem sentido, sem brilho
Me deram uma vida por fazer
Que só se faz quando me movo
E eu não sei pra onde ir
Porque não posso ser tudo
E estou cansada de ter que escolher...
O que me faz sentido não dá dinheiro
E o que dá dinheiro não me faz sentido

Quero procurar sentido
E me dizem que preciso procurar dinheiro
Como pode ser isto?
E como posso achar dinheiro se procuro sentido?
Sou contraditória e não o quero ser
Quero princípios, quero regras justas pra seguir
Quero respostas
E não as tenho
Só tenho perguntas e perguntas e perguntas
E não há ninguém pra me responder

(18/04/2009)